terça-feira, 17 de maio de 2016

O Otimismo é a Única Opção

Vivenciar o misto de militância-cultura-feminismo borbulhar nas veias. Esta foi a experiência de acompanhar o bloco percussivo feminino Ilu Obá de Min com as baianas da Vai Vai na Bela Vista. A bandeira exigindo os ministérios extintos de volta. A prosa com a amiga prima adotiva "tudo que nos restou é resistir na esperança". Uma professora dela ensinou que o otimismo é revolucionário. Ainda mais em tempos politicamente sombrios...
Ganhei meia bolsa para aprender algumas técnicas do Romanovsky: o que pode ser mais revolucionário que a generosidade nesta temporada de crise? Recebendo esta terapia corporal de liberação emocional, senti que os pontos pressionados na barriga tiveram a ver com romper tardiamente o cordão umbilical da relação passional demais com minha mãe. Rolou um choro, mas depois a alegria era tããããão intensa! E aquela curiosidade "gente, o que pode ser a vida sem tensão"? Vontade danada de reverberar o que abençoadamente ganhamos! Ser multiplicadora é uma rebeldia com causa!
Uma antiga estudante, que só Buda sabe como criamos laços em meio ao caos de dar aula na várzea do Estado, me procurou receosa pois já haviam expulsado alunos de outras ocupações nas escolas de São Paulo, sem mandato de posse, obviamente com violência, sem deixarem fazer corpo de delito e estava com medo devido à polícia na porta (porque será que em boca ou quebradas piores eles não intimidam assim hã?) e a diretoria contra. Explorei minha experiência contatando todas mídias alternativas possíveis, engolindo indignação emotica, incentivando que os adolescentes é que estão nos fazendo acreditar na gestação do mundo novo e cantando Legião com voz embargada: "é o bem contra o mal/ e você de que lado está/ estou do lado do bem/ e você de que lado está? (...) com a luz e com os anjos/ mataram um menino/ tinha arma de verdade (...)".
É como se a leitura das biografias da Pagu, Chiquinha Gonzaga, Iara Iavelberg, Anita Garibaldi, Olga Benário e Rosa Luxemburgo e as passeatas pelas mulheres, pela paz e contra o aumento das passagens finalmente descessem do mental ao coração. Um pertencimento inenarrável, como diria um locutor exagerado como eu. Uma razão de ser que dá força que estamos precisando neste momento crítico.
Revendo minha ex estagiária, meu primeiro ensaio para professora, quando a ouvi reclamar da "corporativolândia" não tem jeito, é assim, não me aguentei:
- Tem sim, sempre terá! A gente se apega a comer sendo bem servida como aqui, mas não podemos achar que a vida é esse raso inebriante. Sem querer estes dias contabilizei uma dúzia de economias da assessoria de comunicação ao magistério. Mas ouvir que tinha um texto bom ou fazia uma boa divulgação lá, era só um trabalho bem feito. Conseguir fazer meus alunos criarem, ensaiarem, fazer jogo teatral, ajudar uma aluna, saber que a gestão reconheceu que trabalho com amor... É uma razão de ser, uma militância educacional. É querer estudar nas horas vagas, nos formar pra além da sala de aula.
Dei uns desafiozinhos pra ela começar um desmame do quanto a opressão corporativa nos faz crer que é isso mesmo, não tem saída...
Em meio ao programa de coaching, auto conhecimento e empreendedorimo que tenho feito virtualmente, a missão que tanto discutimos online que precisamos encontrar fez um "poim" na minha cabeça. O dia fica lindo, a gente quer chorar, esparramar este sentido ao planeta terra... Eu sei, para quem sempre tirou sarro das abordagens "podicrê" demais, soa estranho... Mas sem que nos trabalhemos pra chegar aí nesse centro de nós mesmos, é difícil por em palavras. Como explicar a quem faz passeata pelo ódio o pertencimento de quem marcha junto pelo amor. Não é cerebral mesmo, é passional demais pra racionalizar...
Fechando com chavinha de ouro estes últimos dias em que não uma ficha, mas um cassino inteiro caiu, estava voltando da médica ouvindo no elevador funcionários do prédio de consultórios reclamarem que só tinha feriado semana que vem e não aguentei:
- Gente, vocês precisam de outro trabalho!
A militância amorosa com propósito precisa ser disseminada de cima abaixo, da direita à esquerda.

Um comentário:

  1. Mas já é uma vagalumona!!!!
    "Vontade danada de reverberar o que abençoadamente ganhamos! Ser multiplicadora é uma rebeldia com causa!" - tô pra chegar nesse ponto. Vou chegar. Achei lindo!
    beijos
    Mel

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