segunda-feira, 18 de julho de 2016

Todas as cores do meu domingo

A arte é uma maneira lúdica de não só se auto conhecer, mas também se aprimorar. Claro que um olhar externo ajuda: no ensaio da contação da história A Rainha das Cores sábado foi a minha filha felina Peteca quem lembrou que no geral, as crianças mergulham na sacola de acessórios cênicos. No domingo promovi o companheiro a diretor cênico, não pensando no ano de teatro dele, mas na temporada muito maior que a minha de narração de histórias nos hospitais, onde as crianças estão em situação menos favorável do que as que encontro em minhas apresentações. Ele indicou onde chamá-las para entrar na história,
onde mudar o ritmo (caramba, preciso voltar à percussão!) e que tal por menos elementos e explorar menos objetos mais estrategicamente? É bem meditativo deixar minha ânsia de experimentação para lá da cena - pra não dizer mágico dilatar a horinha de contação e oficina, é uma espécie de tempo suspenso: não tem o velho corre corre do fechamento de matérias ou a aflição de que os 45 minutos de aula não darão conta... O generoso caos criativo do "tsunami de crianças" ávidos por mais contação e a fim de experimentar as canetinhas que só pintam no papel da Crayolla neste domingo na Cultura da Paulista
dão o retorno do que vale a gente batalhar toda uma vida por um trabalho significativo. É verdade que elas mesmo se reequilibram: de pronto achamos que não será possível atender todas, aquela vontade sem fim de conhecer, desenhar, pintar... Que nada! Pouco tempo depois estão lá completamente entregues à pintura, às descobertas do colorir, ao trocar de canetinhas... Sem muita interferência minha ou dos pais. Pouca negociação e pronto, já estavam experimentando pintar só no papel que "casa"
com a canetinha mágica, no mostrar dos desenhos e no perguntar o que acha? 
- Mas o importante não é que você goste?
E a cada contação, um redescobrir do meu próprio portfólio de histórias: ganhei e comprei tantos livros nas feiras literárias dos colégios em que estive semestre passado, que nem todas pude reinventar, redescobrir e aprender nessas narrações. De novo o companheiro esmiuça nossas prateleiras fartas e me questiona:
- Ué, não será sobre cores? Nem precisa ir muito longe: olha aqui a Rainha das Cores, de Jutta Bouer. 
Aqueles traços simples, porém ricos, estimulando todos curiosos e encantados a também recriar seus súditos vermelho, amarelo, azul... Eles sempre nos passam aventura, agressividade, quentura, teimosia e calma? Ou nós imprimimos isso às cores e ao que elas preencherem? O cinza é sempre tristonho? Meu avô nunca achou tempo nublado feio e talvez com ensinamento "do meu primeiro griô" acho esse tempo até meio poético.
Nessas narrações quem se abastece mais? Eu, as crianças ou os pais? Empatamos no encantamento? Pra que por régua num encontro tão lúdico, interativo e criativo? Seguimos nos estimulando sábado dia 23 de junho, às 15hs, desta vez na Cultura do Vila Lobos. Vamos juntos?

Nenhum comentário:

Postar um comentário