quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Querido Pé

Espero que esteja curtindo seu repouso mais que eu, aliado! Sim, já nos metemos em tantas gravações informais de Lost, vivências expressas de Survivor e exploração bandeirante em meio à chuva e às formigas famintas, que não entendi como foi me deixar na mão bem numa trilha tão "mamão com açúcar" em Paraty. Sim, admito que nem as pedras irregulares ou minha pisada torta colaboram, mas veja bem, na viagem anterior para lá praticamos a insanidade de conhecer esta cidade histórica praiana com pífios dois dias de folga e você se safou dos malditos paralelepípedos históricos. Foi só voltar com mais tempo, depois de séculos querendo pular onda na virada e você me faz mudar de ano presa à beira da piscina, "pulando água com cloro da garrafa do namorido". Seria cômico se não fosse patético. Mas não puxarei sua orelha, até pela sua natureza anatômica não possui uma, mas reforço que sinto muito pela conjunção astral da overdose de teimosia sagitariana na virada. Não, não tínhamos o tênis que não causa bolha, então cismei que podia ouvir conselhos caiçaras que nascem no mar e morre na cachoeira e ir de chinelo. Eu sinto muito por forçar amizade agachando para escapar às plantas com espinhos e deixando o joelho fragilizado para saltar ansiosa do jipe mais tarde e esbagaçar o metatarso. Obrigada pela "revisão de anatonia on progress", havia anos que tinha te estudado na yoga, na massagem, não precisava ser tão incisivo na lembrança de que já tinha te apagado das memórias táteis. Foi de uma "inocência bem síndrome de Peter Pan zodiacal" mesmo, acreditar que sem condicionamento sairia impune de subir, descer, me enfiar n´água, cruzar rios e sair sem nenhum estrago só no chinelinho cheio de flores e brilhos da minha mãe. Bem que já tinha me sentido uma "Barbie de salto na floresta" quando desci de Paralheiros até a praia com a campeã em travessias ousadas Camis, mas desta vez, admito que me superei. Sim pé, onde já se viu bancar tanto a principiante num único dia e como se todas as surrealices acima não bastassem, também não alongar? Admito que demandei demais do anjo da guarda na virada. Foi demais até pra ele, que sempre cabeceia para fora da grande área. E já que havia deitado e rolado o dia todo, como não respirei um bocadinho mais e esperei o jipeiro me tirar daquele diabo de carro alto e fui arriscar salto iniciante naquela altura do campeonato? Eu sei, nem posso reclamar contigo, creditar a um pezinho inocente todas as aventurazinhas que enfiei nas entrelinhas desta trilha, visita ao quilombo e experimentação gastronômica, Puxa, mas você se lembra daquela cachoeira gigante, parecia as de Paranapiacaba? De fato, havia pedido a Iansã, Oxum ou Erê que carregassem o que não servia naquela piscininha de hidromassagem à beira dela. Povo exagerado esses orixás, custava carregar sem tanta violência? Como diria uma colega da Metô, o povo é bruto! E aqueles pastel de jaca verde e suco de juçara? Os "parça" vegano de Sampa amariam. E naquela praia "podicrê" pra caramba, em que o casal coxinha que foi comigo resolvia por reparo em toda tatuagem, dread e afins do caminho? Como eles não viam que destoavam do habitat ripongo de Cambury? Mas o melhor mesmo era o guia chiar o quanto estava cheio e nós o consolarmos "cara tu não sabe o que é praia cheia, fim de ano na nossa terra é um mar de guarda sol". Agora, cá entre nós, que o inferno das 14 horas de estrada na van ouvindo filme violento já passou, vamos resgatar os ásanas yogues de equilíbrio e parar de socar o gesso no chão? Já foram três em uma semana, já deu. Também não consigo dormir de barriga para cima, então vamos encontrar um "quase bruços" razoável para passarmos a noite sim? E para que tanta caídas das almofadas nestes cochilos  sem fim da quase falta do que fazer? Já fui fanfarrona tudo que podia ultimamente, não sobrou cota nenhuma para você bancar o engraçadinho. Obrigada por ainda não coçar, mas pode suspender também esse formigamento sem noção aí. Sinto muito, ainda não achei nada que não doesse as costas, incomodasse a bunda ou formigasse você. Vamos colaborar para ler, ver filmes ou tentar bancar a empreendedora cultural nas férias, já que as viagens e oficina clown foram para o brejo mesmo? Gradecida. Sei que foi um guerreirão dando perdido nas minhas aventuras, viradas, torcidas e abusadas em quase quarenta anos. Vamos colaborar que faltam só 23 dias. O que são umas semaninhas aí pra quem já encarou tanta calçada no buraco neste Brasilzão de meu Deus? "Tirinho de espingarda", né não? Agora segura na mão de qualquer familiar, amigo, vizinho, namorado ou tio disponível e vai, que nossas pisadas laterais são pouco confiáveis. Prometo achar alguma corrigida mezzo zen pra nos por no prumo que os "over energia" já me deixaram com os ovários cheios. Vamos "fingir demência" pra não distrair minha "superatividade criativa" do que restou nestas quase férias? Valeu. Falou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário