segunda-feira, 13 de junho de 2016

Crime bárbaro carioca estimula debate em sala

Como feminista, ainda que da fase analógica, o estupro coletivo me mexeu horrores. E arte educadora que sou, passei dias lá matutando como levar isso à sala de aula. Lá no interior do ABC onde ensino ainda não começaram as censuras aos professores, nem nada, mas sabe-se lá, já estou treinando "bancar a artista da época da ditadura". Acho sim, que o professor cria sua aula e é lógico, configura-se outro artista, ainda que num palco informal. No mínimo atualiza o material já criado né não? Tinha uma pesquisa anterior sobre Plínio Marcos, cujo debate rendeu um bom caldo ano passado, quando comemorou-se 80 anos do nascimento desse santista "da pá virada". Revisitei o que já tinha levantado. Sempre que faço isso cismo que ele que começou a vender poesia em fila de cinema e teatro. Pedi às amigas que já tinham feito montagem dele trechos das peças do "dramaturgo maldito". Acabei usando um pedacinho de Abajur Lilás, na qual uma prostituta era morta por quebrar um abajur. Disso ia pra uma conversa sobre banalização da violência, então mencionava mortes por dívidas de valor baixo em bocas de fumo e por fim, estupro coletivo por possível traição no Rio. É como já ouvi outros professores em encontros de partilha da rede: "ou os alunos já não concordam com barbaridades ou sabem que é condenável e não admitem em voz alta". Penso que estamos nessa fase lá na minha escola, porque na conversa anterior sobre como as artes combatem a violência doméstica ainda teve aluno dizendo que é um absurdo investir num relacionamento e a mulher te deixar por outro. Uma estudante mais velha mencionou vários cunhados que passaram por isso sem ignorância nenhuma. Adoro quando eles mesmos polemizam e a gente só media. Outro educando (sei, a palavrinha é horrível) contou ter visto uma surra numa boca voltando pra casa, teve dó, mas não se chama polícia nestas regiões ( pode-se sofrer retaliação de traficante). Por conta deste episódio ouvi mais barbaridade em sala de professor do que em classe. Pois bem, a dica final é: foi conversado tudo isso, mas não se mencionou a palavra gênero. #ficaadica professores!

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