segunda-feira, 13 de junho de 2016

De presença e gratidão

Ainda não sei se pela família cri cri ou pelo lado "jornalêra" super crítica, há anos e anos faço meditação, retiro, workshop, mas em alguns deles minha boicotadora profissional fica no meu pé de ouvido: "ai mas isso aí é Disney demais. Impossível. Só pra mestre ou bem nascido". Duns tempos pra cá, tenho seguido aulas, atividades e meditações duma coach sem dar ouvidos aos meus eternos pé atrás. Cismei que uma hora o conteúdo descia da cabeça ao coração. Mas achava que seria lá no evento que a escritora e criadora do Recalculando a Rota promoverá no segundo semestre. Semana passada tive uma surpresa: comecei o dia lendo um depoimento de como uma moça estuprada na infância se curou mantrando pro estuprador se curar também, na comunidade Sagrado Feminino. Então li que exoneraram o delegado machista que foi misógino com a adolescente estuprada no Rio. Minha amiga que ajuda com a limpa aqui em casa chegou contando que vendeu a casa que tentava comercializar há sete anos. Depois desse "berço energeticamente favorável", digamos assim, fui ao médico. Sabe o mesmo caminhozinho de sempre até o ônibus? Pois comecei a achar tão maravilhosa as árvores do conjunto em que moro (mãe conta que participei do mutirão de plantio, mas não lembro), a passarinhada que às vezes me enlouquece em noites de insônia, o barulho dos carros, o fiapo de sol no frio... Dava aquela vontade boa de chorar, até o ônibus que no geral dá uma baita canseira estava incrível. Foi um teco de manhã maravilhada, Claro que à tarde a alergista não atender nenhum convênio que tenho e a família cutucar minha gastrite não colaboraram pra manter a presença e a gratidão. Mas antes só tinha rolado em retiro, em meio a comida, paisagem, práticas e colegas favoráveis. Mais pra noite fui mantrando antes de chegar à escola, pois já tinha me chateado com a overdose de crítica familiar. Rodei a baiana lá que não faria bandeirinhas. Mas consegui o milagre da maior parte dos alunos fazerem dinâmicas teatrais, se desenharem, escreverem como sentiam, uma estudante aborrecida com minha ironia agradecer no contorno do corpo do colega, falar um pouco da África, já que farão trabalho disso na reposição de aulas, cortar gracinha de aluno abusadinho e responder virada no Jiraia pra quem acha que só aluno que trabalha sofre. No fim, preferiram a aula cênica às bandeiras juninas mesmo. Noutras ocasiões senti esta presença e gratidão por segundos ou minutos, mas como era em meio às aulas de yoga, meditação, que sempre acabava na selva corporativa, quis agarrar o momento e o apego fez tudo terminar rápido. Creio que vem muito pela frente, pois é como se derrubasse resistências sem lutar ferozmente contra elas. Mas ainda desconfio que pra quem não vivenciou, as palavras ainda soam infantis demais, boas demais pra ser verdade. Que mais e mais seres acessem isso e nós liberemos a divina providência pra atuar em zonas de risco e com pessoas vulneráveis. Evoé!

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