quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Cordel anti dor insistente da avó

Há muitos anos dava aula na roça uma senhorinha que podia não ter estudado muito, porém na época quem tinha um pouco mais de conhecimento já partilhava com os demais na escola rural. As família saíam dos sítios para só visitar parente, portanto era natural que primos se casassem. Aliás uma das filhas da protagonista da história achou bem esquisito quando veio para a cidade grande e as pessoas tinham amigos, já que sua vida social era toda tomada só com a "parentada".
Bem, a irmã desta professora na roça casou-se com o irmão de seu noivo e mudando do interior de São Paulo pro norte do Paraná chorou muito de saudade da família original. O noivo da professorinha em questão cismou que não aguentaria casar e levar outra emotiva lá para a região da terra vermelha, cheiro de café e chuva e escreveu para ela.
Professorinha sustou a aula para conferir a carta, era algo esperado, muito diferente dos zap ou mensagens pelo Face de hoje, chegando tão rápido e fácil. Porém quando foi dar uma namorada literária na missiva, o noivo havia escrito:
"minha querida noivinha
escrevo a fim de falar do nosso noivado
tão bem começado, tão mal acabado"!
Nem leu o resto: foi uma choradeira que só, Os alunos não entenderam, mas também não conseguiram continuar com ela seus estudos. Rolou chá de camomila, colo de prima e consolo de irmã, pois as famílias eram generosas no tamanho. Mas a chateação se esgotou naquela mesma noite.
Anos e anos depois a ex professorinha, já dona de casa, casada com outro amor, tendo criado sete filhos e mimado dez netos e um bisneto, sempre retomava esta lembrança, arrematando com o conselho sábio que a família tanto ouviu:
- Terminou? Tem licença para chorar hoje e já está de bom tamanho.
Vi o bisneto adolescente seguir o conselho dela anos e anos depois com término de namoro pelo zap.

Penso que tenho que adotar a máxima da avó para desilusões profissionais, com amigas ou sonhos que se esfacelam. Adaptei a sabedoria meio demoradamente, mas antes tarde do que mais tarde!

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