segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Reminiscências de uma partida recente

Quando uso a roupa que herdei da minha prima é como se ela ainda estivesse próxima. Em tempo: ela pode não estar assim ao alcance de um abraço, mas mudou pro outro lado do mundo e economizar o bastante para visitá-la na terra dos cangurus parece tão improvável quanto por minha alimentação em ordem depois que as contações, formações e aulas me tomaram toda agenda possível e imaginável. Para as famílias já mais distanciadas, esta saudade tão rápida (não tem uma semana que ela foi) parece um exagero, mas como diria minha avó, para os "loucos mansos" desta casa, é perfeitamente compreensível. Minha prima foi a caçula dos dez primos irmãos, que comeu meus batons e enfiou o resto deles nos meus sapatos. A que nos deixou com água na boca
pois tinha festas em buffet, que nós primos mais velhos nunca chegamos a ensaiar comemorar com pompa e circunstância como ela. É a descendente de pernambucano "bravinha" (como se os com ascendência interiorana não fossem). A que defendeu os nordestinos na Internet quando os "fascistas saíram do esgoto" na Internet (e às vezes na rua) na última eleição. A que também era um doce com sua avó de Pernambuco, também uma graça. A que aprendeu a cozinhar trabalhando e morando fora. Ela foi minha dama quando enfiei o pé na jaca e casei, mesmo sendo tão pouco católica, mas ela arrasou com seus cachinhos e riso meio sem graça. Afinal quando fiquei "borocoxô", era ela que me buscava, ainda que não fosse pra fazer nada em sua casa, mas deixar de me sentir um bicho preguiça inútil em pela crise de deprê. Ou fui eu que fiz um treinamento teatral online a toque de caixa quando ela quis fazer seu TCC conectando a hotelaria ao teatro. Depois também fui eu que "pus fogo" pra ela e sua amiga empreenderem comigo treinamento juntando as áreas anos depois. A que chorou quando homenageei seus pais com cordel num dos aniversários de casamento. A que casei contando e cantando na festa julina familiar. De quem herdei uma paixão tórrida pela cama (se é que isso é possível tendo vindo antes), quando estamos cansadas e só queremos sonecas e Netflix. Com quem ria ou falava sério acampando em sua "camazona" em reencontros familiares que enchiam a casa de sua mãe. Dona da casa em que promovíamos almoços ou jantares divertidos na lage de sua mãe depois da reforma no "cafofo dos Nunes Mendonça". Sei lá, TPM e partidas me deixam sensííível. Por conta disso, ao invés de dar tchau pessoalmente mandei um livrozinho artesanal e caseiro no lugar duma despedida tragicômica e fui atrás de tratamento alternativo. Seria muito chororô pra um até breve. É quem admiro e também me espelho para um voo mais arrojado estudando ou encarando sub emprego fora, ainda que temporariamente. É para quem desejo muitos negócios, cafunés neste casório recente, viagens, comilança, novos amigos, paisagens de tirar o fôlego e que sempre se lembre de onde veio, para ao contrário dos sem noção política na atual conjuntura brasileira, tenha sempre consciência de para onde vai.

Nenhum comentário:

Postar um comentário